
A obesidade em idade pediátrica é avaliada segundo os percentis de Índice de Massa Corporal (IMC) específicos para a idade e género. Dessa forma, define-se obesidade quando o percentil de IMC se encontra acima do percentil 95, e excesso de peso quando se situa entre o percentil 85 e o 95.
Os dados mais recentes mostram uma prevalência ainda elevada de obesidade nas nossas crianças, embora tenha vindo a diminuir nos últimos anos. Segundo o estudo COSI, em 2019, 29.7% das crianças portuguesas entre os 6 e os 8 anos de idade apresentavam excesso de peso e 11.9% são obesas, ou seja, 1 em cada 10 crianças tem obesidade. De salientar que vários estudos mostram que a presença de obesidade durante a infância aumenta o risco de esta se manter/agravar durante a adolescência e a vida adulta.
A obesidade em idade pediátrica constitui um importante factor de risco para o desenvolvimento precoce de outras complicações, tais como dislipidemia, hipertensão arterial, diabetes tipo 2, problemas respiratórios (como asma e roncopatia), entre outras. Frequentemente as crianças com obesidade apresentam baixa auto-estima, são vítimas de bullying, o que se pode traduzir em transtornos psicológicos. Quanto mais cedo se tratar a obesidade, menores serão os riscos futuros para a saúde da criança.
Os principais factores causais de obesidade infantil estão associados a hábitos de vida pouco saudáveis, tais como uma alimentação desequilibrada, rica em gorduras e açúcares, o que se traduz numa ingestão calórica excessiva, bem como a inactividade física, o que não permite contrabalançar o excesso calórico. Ambos são possíveis de corrigir.
Assim, é urgente travar esta epidemia e promover estilos de vida saudáveis, inclusive logo desde a gravidez. Um ganho de peso excessivo da grávida pode potenciar o desenvolvimento de obesidade na descendência.
Diz o ditado popular que “De pequenino se torce o pepino”, mas a prevenção da obesidade infantil é fundamentalmente da responsabilidade dos pais e família. Os pais devem ser e dar o exemplo no que respeita a uma alimentação saudável e à prática do exercício físico.
Algumas dicas para os pais:
– Defina as refeições durante o dia, evitando longos períodos sem comer.
– O pequeno-almoço é obrigatório.
– Inicie o almoço/jantar com um bom prato de sopa de legumes, e inclua sempre hortícolas e fruta.
– Sirva porções menores. Inclua alimentos com cores, sabores e texturas diferentes.
– Mastigar devagar. Não repetir 2ª vez.
– Promova a ingestão de água. Evite refrigerantes e outras bebidas açucaradas.
– Não use a comida como prémio ou castigo.
– Não tenha em casa os alimentos a evitar consumir.
– Crie regras e dê o exemplo.
A obesidade é uma doença crónica. A correção dos hábitos não é fácil e demora. Não desista, pela saúde dos seus filhos!