
Atualmente existem cada vez mais pessoas sensíveis às questões da sustentabilidade, o que é excelente, pois sermos mais sustentáveis é algo imperioso nos dias que correm. Contudo, aparentemente fazerem-se escolhas mais sustentáveis não é tarefa fácil, uma vez que temos que conjugar, em simultâneo, as dimensões ambiental, social e económica, o que nem sempre é fácil ou nem sempre temos informação suficiente que nos permita fazer escolhas alimentares mais conscientes. Por outro lado, estas escolhas também são mais difíceis se tivermos mantido, durante muito tempo, hábitos pouco sustentáveis.
Assim, se começarmos a trabalhar estas valências desde muito cedo com as crianças, conseguiremos ter, no futuro, adolescentes, jovens e adultos muito mais abertos a fazerem escolhas sustentáveis, sendo algo que passará a fazer parte do seu quotidiano naturalmente. Esta abordagem pode e deve aparecer ainda na creche, através da oferta alimentar disponibilizada, tendo em conta a sua origem, a frescura, o tipo de produção, a culinária, a redução do desperdício alimentar, a economia circular, entre outros. A ementa servida às crianças pode ser o mais notório, sobretudo para o exterior e para os pais, mas estará sobretudo na forma como estes alimentos foram selecionados e confecionados e nas ações de sensibilização regulares efetuadas às crianças, que estarão os reais ganhos em matéria de sustentabilidade. Desta forma, uma ação numa creche que pode começar pela simples substituição de um recheio habitual de pão por um húmus de grão-de-bico, pode rapidamente evoluir para: uma ementa com forte presença de produtos de origem vegetal variados e em maior quantidade que os produtos de origem animal; para um dia por semana sem alimentos de origem animal; para ementas produzidas com produtos provenientes de agricultura sustentável, de proximidade, conforme a época, confecionadas com uma culinária poupadora de nutrientes (tipo mediterrânico); para um conhecimento estreito dos produtores/fornecedores; para a promoção da eliminação de desperdício alimentar, da economia circular, a da compostagem na creche, entre muitas outras ações.
Todas estas medidas ao serem acompanhadas de atividades com as crianças, que as façam entender o que está a ser posto em prática, rapidamente se consegue que as mesmas tenham respaldo em casa, motivando a mudança também no seio familiar de cada criança. Destaca-se, assim, o efeito mobilizador que as creches podem ter no que toca à promoção da sustentabilidade alimentar das populações, pelo que se espera que sejam muitas as creches que cumpram com este desígnio.