
Durante os primeiros meses, e até anos, de vida, a criança come o que lhe é oferecido, sendo normal que rejeite alimentos que não lhe são familiares. À medida que cresce, é cada vez mais influenciada pelo que vê as pessoas que o rodeiam a comer. Ou seja, as suas preferências alimentares também vão ser criadas por imitação.
É consensual que as crianças nascem com uma apetência inata para alimentos doces e uma aversão natural para alimentos amargos. Contudo, não deixa de ser intrigante que crianças diferentes, reajam a alimentos amargos, como é o caso de alguns hortícolas, com graus de rejeição diferentes. Parte da resposta poderá estar na exposição a diferentes sabores já durante a vida intrauterina e, mais tarde, durante o aleitamento materno.
Em termos de desenvolvimento, desde as 12 semanas de gravidez que o feto inicia a deglutição e, perto das 20 semanas, inicia, também, a sucção. Pelas 24 semanas consegue ainda inalar o líquido amniótico. Sabe-se, também, que as células gustativas estão funcionais desde as 17 semanas. Ou seja, desde cedo que está preparado para receber diferentes sabores e odores de alimentos.
No útero materno, o feto é alimentado através do cordão umbilical, mas a certa altura também ingere líquido amniótico, tendo contacto com os sabores dos alimentos ingeridos pela mãe que, entretanto, atravessaram a placenta e chegaram ao líquido amniótico. Estes contactos serão “memorizados” pelo feto, fazendo com que a exposição a tais alimentos na diversificação alimentar não seja completamente novidade e, consequentemente, seja mais bem-sucedida.
Esta aprendizagem de sabores manter-se-á durante o aleitamento materno, uma vez que são vários os alimentos que conferem sabor ou odor ao leite materno.
Há, por isso, razões de sobra para a prática de uma alimentação cuidada e variada durante a gravidez e aleitamento materno. Além dos demais benefícios, poderá melhorar a aceitação dos alimentos durante a diversificação alimentar.