Diversificação alimentar na criança vegetariana

De acordo com várias organizações, incluindo a Academia de Nutrição e Dietética dos EUA, a Academia Americana de Pediatria e a Direção-Geral da Saúde, a alimentação vegetariana, incluindo vegetariana estrita, pode ser adotada na infância. Estes padrões alimentares são adequados para bebés e crianças, mesmo no seu primeiro ano de vida, e vão permitir ao bebé crescer e desenvolver-se adequadamente, podendo até reduzir o risco de várias doenças crónicas.

A diversificação alimentar refere-se à transição de uma alimentação exclusivamente láctea (leite materno e/ou fórmula) para outra que inclui, para além do leite, outros alimentos. Se até há uns anos as recomendações da diversificação alimentar apontavam para a uma oferta faseada dos vários alimentos, desde pelo menos 2017, de acordo com as orientações da ESPGHAN, a exposição aos alimentos pode acontecer de uma forma bem mais simples. À exceção do sal, açúcar, mel, infusão ou óleo de funcho e bebida de arroz, os bebés podem ser expostos a quase todos os alimentos desde o início da diversificação alimentar. Atrasar a introdução de alimentos é desnecessária pois não reduz o risco de alergia alimentar.
Se o padrão alimentar for ovolactovegetariano não será oferecida carne nem pescado; caso seja vegetariano estrito, para além destes também não serão oferecidos ovos, lácteos, mel nem algum outro alimento de origem animal. As refeições principais podem ser compostas por sopa e prato principal, sendo este constituído por:

  • leguminosas (feijão, grão-de-bico, lentilhas, ervilhas, etc.) ou tofu;
  • cereais (como massa) ou tubérculos (como batata e batata-doce);
  • vegetais.

Ao longo do dia poderão ser oferecidos alimentos como fruta, papas de cereais (caseiras ou industrializadas), panquecas, pão (desde que sem sal), iogurte vegetal e até bebida vegetal (desde que sem açúcar e nunca em substituição do leite materno ou fórmula). Os frutos gordos podem ser apresentados sob a forma de pasta ou farinha, desde que num formato seguro. As sementes e óleos, como o azeite e óleo de linhaça, também podem ser apresentados.

É importante apresentar os alimentos num formato seguro de forma a reduzir o risco de engasgamento, quer a diversificação alimentar siga um modelo à base de autoalimentação, como o Baby-Led Weaning, quer seja uma abordagem mais tradicional onde os alimentos são oferecidos pelos cuidadores. Qualquer que seja o método seguido, é importante que o bebé tenha oportunidade de conhecer uma variedade de sabores e texturas de alimentos, e que os seus sinais de fome e saciedade sejam respeitados. Os alimentos não devem ser usados como conforto ou recompensa. Dado que a alimentação nesta fase é complementar ao leite materno, deve ser privilegiada a variedade de sabores e texturas face à quantidade de comida que o bebé efetivamente come.

No que diz respeito à suplementação, está recomendada a suplementação de vitamina D para todas as crianças no primeiro ano de vida. Para além disso, deve ser considerada a suplementação em vitamina B12 (mesmo no padrão ovolactovegetariano) e de ferro (principalmente se não houver o consumo de alimentos fortificados neste mineral).

Para saber mais sobre este tema, criei um e-book “Diversificação alimentar para crianças vegetarianas” onde descrevo detalhadamente o que oferecer, como oferecer e como garantir um bom aporte nutricional numa diversificação alimentar vegetariana. O e-book está disponível aqui.

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