Alergias alimentares na diversificação alimentar

A diversificação alimentar é um importante período de desenvolvimento, aprendizagem e estímulo para o bebé. A prevenção da alergia alimentar no bebé tem sido encarada como um dos objetivos desta fase e tem condicionado e moldado muitas das recomendações emanadas.

Sabemos, contudo, que ao longo dos últimos anos estas mesmas recomendações têm sofrido várias alterações, sendo de destacar a mudança no paradigma principal para a prevenção da alergia: atrasar vs antecipar a introdução dos alimentos potencialmente alergénicos.

Das recomendações para se atrasar a introdução de alimentos potencialmente alergénicos passamos para o reconhecimento de que a introdução mais precoce pode ser benéfica, mesmo em crianças com risco de doença alérgica. Esta conclusão é particularmente evidente para o amendoim e para o ovo, preconizando-se, contudo, que também não se adie deliberadamente a introdução de outros alimentos potencialmente alergénicos como o leite de vaca, a soja, os frutos de casca rija, o peixe ou o marisco.

Continuam, no entanto, a manter-se recomendações basilares referentes à promoção da amamentação/aleitamento exclusivo por pelo menos 4 meses (17 semanas, início do 5º mês de vida) e, preferencialmente, por 6 meses. Neste ponto, será ainda importante que referir que o início da diversificação alimentar não deverá ser encarado como o fim da amamentação, sendo que esta pode e deve continuar se possível e desejado.

No que se refere à investigação nesta área será de particular interesse mencionar os resultados que nos mostram o potencial da diversidade alimentar na prevenção da alergia. Estudos mostram-nos que o aumento da diversidade alimentar (número de alimentos/grupos alimentares diferentes consumidos pelo bebé) dos 6 aos 12 meses pode diminuir a probabilidade de a criança ter alergia alimentar nos primeiros 10 anos de vida. A explicação para estes resultados poderá passar pelos efeitos desta diversidade no microbioma, no aumento de aporte nutricional específico e na maior exposição a alergénios.

Ainda que de uma forma gradual e respeitando as características – incluindo culturais – de cada bebé e de cada família, a diversificação alimentar é o momento de apresentar ao bebé o maravilhoso mundo de quase quase todos os alimentos. Como nota final, será sempre importante ressalvar que a introdução alimentar deve ser acompanhada pelos profissionais de saúde, mas de forma muito particular quando já existe diagnóstico de alergia alimentar pois podem existir recomendações adaptadas.

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